Conteudo Cabeçalho Rodape
29 novembro 2021 | 00h00

Ações afirmativas são essenciais na luta antirrascista

 A reflexão e atuação pela igualdade de oportunidades é uma diretriz para todos os nossos programas e nas nossas contratações

Desde 2018, a Fundação Lemann tem se dedicado a entender, debater e promover a educação antirracista em todas as suas áreas de atuação e no seu relacionamento com o ecossistema de parceiros. Colocamos a equidade racial como meta em nossos programas, priorizamos a contratação de pessoas negras, criamos um Comitê de Raça interno e promovemos letramentos antirracistas e impulsionamento de lideranças negras, entre outras ações.

Dada a força e complexidade do racismo estrutural em nossa sociedade, esse vem sendo um processo cheio de aprendizados: percebemos que nem sempre estávamos prontos para mapear e lidar com os desafios; que é preciso uma disposição genuína para evoluir de forma cuidadosa com questões complexas; e que vamos sempre precisar manter uma postura de aperfeiçoamento contínuo com o tema. 

Confira de que forma temos contribuído com a  priorização  da equidade racial no Brasil:

Educação

Dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), extraídos pelo Portal Qedu a pedido da Fundação Lemann, apontam que, mesmo nas escolas com melhores resultados nos índices de aprendizagem, as desigualdades entre crianças negras e brancas continuam latentes. Isso acontece inclusive entre estudantes do mesmo nível socioeconômico: há diferença de desempenho entre os pretos e os brancos.

Por isso, a reflexão e busca pela equidade racial passou a ser uma diretriz para todos os nossos programas educacionais. Em 2021, realizamos escuta com as lideranças das redes públicas, promovemos encontros de letramento antirracista com as equipes envolvidas nos programas e apoiamos a estruturação de diagnósticos mais aprofundados sobre as características da desigualdade de oportunidades sob a perspectiva racial.

Tudo isso para que as redes estejam cada vez mais preparadas para promover a redução da desigualdade racial na aprendizagem.

Aqui, aprendemos que o medo de errar e o mito de que não há influência do racismo nas desigualdades de aprendizagem são as principais barreiras para o início do diálogo. Percebemos que olhar para os dados e o letramento sobre a atuação antirracista são essenciais para a evolução do diálogo no tema.

Também entramos em contato com parte dos estudos e conquistas que já foram alçadas pelo movimento negro para e ducação dentro e fora do Brasil. E decidimos focar nossas contribuições futuras em investigar as alavancas estruturais que podem apoiar políticas públicas a garantir equidade racial nos resultados educacionais de forma sistêmica.

Liderança

A desigualdade social é um dos principais desafios da sociedade brasileira e está profundamente relacionada à questão racial. Embora a população negra configure maioria no Brasil (56,1%), há uma sub-representação de pessoas negras nas empresas, principalmente no topo da pirâmide hierárquica. No terceiro setor, a situação também é desafiadora: negros são 46% na área, mas ainda assim enfrentam desigualdades salariais. 

Para ajudar a mudar esse cenário, a Rede de Líderes Fundação Lemann promoveu, em parceria com o ID_BR, o Programa de Impulsionamento de Lideranças Negras, com formação, capacitação e acompanhamento desses profissionais para fomentar o ingresso e a permanência nas instituições e projetar representatividade nos cargos de alta liderança. Ainda hoje, há poucos dados e evidências consolidadas acerca da participação da população negra em cargos de liderança da gestão pública.

Promovemos também, entre os líderes da Rede, uma trilha Formativa de Equidade Racial, para contextualizar as ideias de privilégio e branquitude no debate sobre diversidade, inclusão e equidade, além de discutir os elementos subjetivos do racismo.

Além disso, em 2019, lançamos o Programa Alcance, que está em sua segunda edição e oferece mentoria e apoio a estudantes negros e indígenas que queiram se candidatar para uma pós-graduação nas melhores universidades do mundo. Buscamos, com isso, ampliar as oportunidades para que essas possam assumir diferentes jornadas de vida. Esse é um comprometimento nosso para o longo prazo que fala a favor de ampliarmos o nível de representatividade e podermos, em algum momento, poder simbolizar mais e melhor a composição da população brasileira, majoritariamente negra.

Institucional

Entendemos que o trabalho em prol da equidade racial acontece de dentro para fora. Antes de efetivamente iniciarmos qualquer tipo de iniciativa, buscamos diferentes referências no Brasil e no mundo para definir nossa estratégia de posicionamento: estudamos diferentes ações pois sempre tivemos por objetivo a construção de uma jornada legítima e que respeitasse o passado. Investimos internamente em uma política de seleção e atração de colaboradores negros, além de trabalhar pelo aumento do número de pessoas negras em posições de liderança, olhando inicialmente  para quem já está na equipe.

Em 2020, criamos comitês de diversidade (Raça, LGBTQIA+, Gênero e Saúde e Bem Estar) para promover ações internas de letramento e pertencimento.

Em 2021, a Fundação Lemann passou a priorizar a contratação de pessoas negras de forma estruturada, mas iniciamos a jornada por mais diversidade em 2018. Desde então, a proporção de pessoas pretas e pardas no #TimaçoFL subiu de 22% para 32% até novembro deste ano. Temos a consciência de que ainda temos muito a fazer, mas já demos nossos primeiros passos.

Também neste ano, promovemos rodas de desenvolvimento com foco em diversidade e a Formação Indique Uma Preta, com foco em cargos de liderança e coordenação. E isso é só o começo.

Sabemos que ainda há um longo caminho pela frente, mas queremos preparar nossos colaboradores e parceiros cada vez mais como agentes de redução da desigualdade racial no Brasil. Vamos juntos?

Compartilhe

Veja também