Conectando academia e políticas públicas
Especialista já estudou relações entre combate à corrupção e resultados eleitorais, bem como ligações entre a vulnerabilidade social e o clientelismo
Estabelecer pontes entre o mundo acadêmico e os grupos que trabalham com políticas públicas e questões sociais, como o governo e o terceiro setor. Essa é a missão da pesquisadora Carolina Morais Araújo, especialista em desenvolvimento internacional com experiência em avaliação de políticas públicas, pesquisa aplicada, análise qualitativa e quantitativa, gestão e comunicação.
“Meu trabalho é conseguir conectar essas duas coisas e fazer uma avaliação que seja útil tanto para o governo melhorar os programas como para a academia gerar conhecimento”, explica. O trabalho de Carolina integra as ações do Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL), centro de pesquisas que faz parte do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é focado em políticas e programas voltados à redução da pobreza.
“Meu trabalho é conseguir conectar essas duas coisas e fazer uma avaliação que seja útil tanto para o governo melhorar os programas como para a academia gerar conhecimento”
Carol Araujo
Qualificação da política
Entre os mais recentes trabalhos do centro, Carolina destaca um projeto que investigou a relação entre a divulgação das investigações sobre políticos envolvidos em corrupção e seu impacto no resultado das eleições de 2016. O resultado mostrou que a exposição dessas informações impactou os resultados eleitorais, diminuindo significativamente as taxas de reeleição dos políticos citados nas prefeituras do país.
Outro estudo do J-PAL analisou a diminuição da vulnerabilidade da população que vive no semiárido nordestino e seu impacto nas relações de clientelismo. Os pesquisadores desenvolveram um projeto que viabilizou a construção de cisternas em regiões com frequentes períodos de seca. A redução da vulnerabilidade das famílias fez com que os pedidos de benefícios a políticos diminuíssem. Também caiu o número de reeleições de prefeitos titulares, detentores de maiores recursos relacionados ao clientelismo.
De jornalista a pesquisadora
Formada em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo, Carolina começou sua carreira na Folha de S.Paulo. Após seis anos, decidiu deixar o jornalismo diário e se aprofundar na área de gestão pública. Foi então que entrou para a rede Lemann Fellowship, em 2014, e iniciou um mestrado em Políticas Públicas na Universidade de Columbia, com apoio da Fundação Lemann.
Após concluir o curso, Carolina trabalhou como consultora na Humanitarian OpenStreetMap Team (HOT), ONG que pesquisa, mapeia e divulga fontes e dados abertos sobre questões humanitárias e desenvolvimento econômico. Na ONG, contribuiu para um projeto de mapeamento de áreas de risco de inundação em um município da Tanzânia, a fim de dar suporte para o desenvolvimento e planejamento urbano local.
Foi também como Lemann Fellow que, após concluir o mestrado, ela descobriu e se inscreveu para a vaga no J-PAL, onde começou a trabalhar em setembro de 2016.