Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Resistência e luta por direitos
Há três décadas, no dia 25 de julho de 1982, acontecia o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana. O evento reuniu mais de 300 representantes de 32 países, e buscava denunciar as diversas formas de opressão sofridas pelas mulheres negras na região e em todo o mundo, como machismo, racismo e preconceitos de classe. A partir deste encontro, a ONU estabeleceu a data como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que se tornou um marco internacional de luta por direitos e resistência.
No Brasil, a importância desta data se dá pelas desigualdades históricas e estruturais que afetam a população negra, especialmente as mulheres. Aqui, celebramos também o Dia Nacional de Tereza de Benguela, que se tornou um símbolo da luta abolicionista e hoje é considerada uma heroína brasileira. Tereza viveu no século XVIII no maior quilombo da região onde hoje está a fronteira entre Mato Grosso e Bolívia, que era habitado por pessoas negras e indígenas. Considerada a rainha do local, ela comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo.
Desde os tempos da escravidão, as mulheres negras no Brasil são frequentemente as mais vulneráveis à pobreza, violência e exclusão social. Hoje, de acordo com dados do IBGE de 2023, aproximadamente 56% da população brasileira é composta por pessoas autodeclaradas pretas e pardas, sendo que as mulheres negras representam cerca de 23,4% da população. Mesmo assim, elas ainda enfrentam muitas formas de preconceitos e discriminações.
Este dia destaca a importância de combater a discriminação racial e de gênero, e de promover a igualdade de oportunidades e direitos, um caminho essencial para toda sociedade justa.
Celebramos com a história de algumas mulheres que marcam e marcaram a trajetória dessa luta:
Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista brasileira, reconhecida por seu trabalho na luta contra o racismo e pelos dos direitos das mulheres negras. Fundadora do Geledés - Instituto da Mulher Negra, é uma voz influente no movimento negro brasileiro, principalmente na promoção da igualdade racial e de gênero.
Lélia Gonzalez (1935-1994) foi uma intelectual, ativista e antropóloga brasileira, conhecida por suas contribuições ao movimento negro e feminista no Brasil. Seu trabalho destacou a interseccionalidade entre racismo e machismo, e ela foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), lutando pela valorização da cultura afro-brasileira e pelos direitos das mulheres negras.
Luiza Bairros (1953-2016) foi uma socióloga e ativista brasileira, reconhecida por sua luta contra o racismo e pela promoção dos direitos das mulheres negras. Atuou como ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) quando criou, em 2014, a lei 12.987/2014 que estabeleceu o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela. Luzia teve um papel central no Movimento Negro Unificado (MNU) desde a década de 1980, contribuindo significativamente para a formulação de políticas públicas voltadas à igualdade racial.
Ochy Curiel é uma ativista, antropóloga e teórica feminista colombiana, conhecida por seu trabalho na interseção entre feminismo, antirracismo e LGBTQI+ no contexto latino-americano. Professora universitária, é uma importante voz no feminismo decolonial na luta contra as opressões múltiplas e interseccionais.
Argelia Laya (1926-1997) foi uma ativista venezuelana pelos direitos das mulheres, afrodescendentes e pessoas com deficiência. Conhecida por sua incansável luta pela igualdade, também foi educadora e líder política, dedicando sua vida à promoção da justiça social e da inclusão. Seu legado continua a inspirar movimentos feministas e de direitos civis na América Latina.
Amy Ashwood Garvey (1897-1969) foi uma ativista, feminista jamaicana, cofundadora da Associação Universal para o Progresso Negro (UNIA). Desempenhou um papel crucial na promoção dos direitos dos afrodescendentes e das mulheres no Caribe e na diáspora africana. Também foi defensora da cultura afro-caribenha e do pan-africanismo.
Convidamos você a citar e celebrar outras mulheres negras que são referência e inspiração, utilizando a #CiteMaisUma em suas redes sociais.