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11 setembro 2023 | 00h00

Encontro Anual de 2021 a 2023: uma trilogia para discutir o país

Por Cosme Bispo

Há um mês fizemos mais um Encontro Anual da Rede de Líderes da Fundação Lemann. Pode soar informal, mas gosto de pensar nesse evento como se fosse um desfile de escola de samba – com todo o respeito e admiração por quem faz o “maior show da Terra” acontecer. Há um enredo com composições ao longo dos três dias de encontro que ajudam a contar uma história. Também gosto de pensar esse samba enredo numa lógica de trilogia: essa história que se consolidou agora em 2023 nasceu em 2021 e cresceu em 2022. Tem um pouco de Christopher Nolan e Rosa Magalhães. 

Para explicar essa construção, faço aqui um pequeno flashback. A edição de 2021 olhava para o futuro e propunha uma visão a longo prazo para o país, sob o tema  “Brasil 2032: Recodificando o Amanhã”. Tendo em vista que estávamos em anos intensos de pandemia, o mote então era (re)aprender a sonhar e encorajar os membros da Rede a pensar e repensar o futuro construído a partir de sua própria perspectiva, “hackeando” o futuro pelo contexto de mudança. Cá entre nós, não há melhor momento de mudar algumas coisas quando tudo já está mudando. 

Em 2022, com os sonhos “reativados”, voltamos para a convicção de que as pessoas são protagonistas e responsáveis pela construção do amanhã, com o tema “O Brasil com a Potência da Nossa Gente”. E de TODA a nossa gente, ampliando na composição do nosso Encontro o número de pessoas negras, indígenas, de toda a sigla LGBTQIAP+. 

Por fim, chegamos a 2023 com “A Nossa Conexão Transforma o Brasil”. Reaprendemos a sonhar, fortalecemos nosso senso de protagonismo enquanto lideranças do ponto de vista individual e consolidamos a certeza de que a transformação do país só acontece a partir da conexão e da colaboração de pessoas com o mesmo desafio: mudar o Brasil, mesmo.

Estamos falando de um grupo de lideranças preparadas  – as cerca de 700 pessoas que atualmente formam a Rede de Líderes – e da ideia de conexão como o principal produto de geração de valor para membros e membras desse grupo. E aqui é super importante frisar que a lógica por trás disso não é a ocidental de “self made man” ou de “fiz tudo sozinho(a)”, e sim de um princípio de que esse grupo reconhece o que desponta no amanhã, entende o protagonismo que assume e tem a capacidade de redesenhar esse futuro, buscando que ele seja mais justo para todos. O modelo atual está vigente há séculos e dizer que ele deu certo é subjugar alguns dos fatores que nos tornam um dos países mais desiguais do mundo.  

Feita essa retomada histórica que costura as três últimas edições do Encontro Anual, volto ao presente com o evento deste ano. A presença de lideranças internacionais, de representantes de comunidades quilombolas e indígenas, a pluralidade de vozes e de temas, sempre amarrados pela ideia propositiva de conectar e construir pontes – tudo isso permeou cada um dos debates no evento. Faço aqui três destaques:

  1. 01

    O uso de inteligência artificial para fomentar conexões entre membros.

    Tivemos um bot da Rede de Líderes que trazia não só a programação de cada dia, mas também estabelecia conexões entre os membros. Por exemplo: para um membro da Rede trabalhando com pautas de educação e tecnologia, quem seria interessante encontrar no evento? O bot fazia o “match”, pareando interesses e pessoas. Ainda sobre inteligência artificial, vale lembrar do “impactômetro” da Rede de Líderes, que expunha a quantidade de pessoas beneficiadas por intervenções lideradas por membros.
  2. 02

    As “Conexões para Impacto”.

    Fizemos uma curadoria prévia de desafios liderados por membros para que fossem levados ao espaço do Encontro Anual. Em seguida, identificamos dentro da própria Rede quem seriam as pessoas (que chamamos de “lideranças especialistas”) mais conectadas ao tema de cada desafio. Também antes do evento, construímos grupos de Whatsapp para reunir os especialistas e os líderes dos desafios, a fim de que já pudessem iniciar a conversa. No encontro em si, eles tiveram duas horas de debate já com as mesas que tinham sido desenhadas previamente. Foi um espaço para exercitar a inteligência coletiva da Rede focada na discussão de um desafio específico.
  3. 03

    Os espaços de conexão batizados de “Conectar para…”,

    com o complemento “investir”, “contratar”, “estudar fora”, entre outros. Num modelo diferente daquele de plenária, o Encontro Anual criou oportunidades para trabalhar temas de carreira de maneira mais explícita. A Rede de Líderes tem o papel de ser um hub de conexões, e é preciso entender que, quanto mais essas pessoas assumirem posições de liderança, maior tende a ser sua capacidade de transformação social – seja porque estão em governos ou espaços de tomada de decisão, seja porque estão à frente de organizações do terceiro setor e do empreendedorismo social que têm a possibilidade de ampliar a quantidade de beneficiários de suas iniciativas. Daí a importância de se criar um espaço para trabalhar temáticas que fortalecem o protagonismo da Rede e que dão instrumentos numa perspectiva objetiva e pragmática para discutir desafios da trajetória profissional.

Se completamos uma trilogia em 2023, para onde caminha agora o Encontro Anual? Para mim, estamos cada vez mais próximos da razão de existir de fato da Rede de Líderes – a possibilidade de viabilizar transformação a partir de conexões estratégicas realizadas dentro desse espaço com lideranças que têm interesse em reconceber o amanhã, mais justo, mais igualitário para todas e todos. Nos últimos anos, construímos um caminho para, em 2024, falar mais sobre ações de impacto e a capacidade efetiva de gerar valor que esse grupo apresenta. 

Por fim, gostaria de agradecer mais uma vez a quem faz isso ser possível. De todo o time da Rede de Líderes (Felipe, Larissa, Marina e Vinicius) e pessoas do time da Fundação que tiveram um papel central nessa construção (Denis, Clarissa, Laura, Luciana, Jaqueline e Weber). Dá trabalho, mas dá muito orgulho.

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