Em Pauta

O Centro Lemann de Liderança para Equidade na Educação em Sobral (CE) foi lançado oficialmente nesta semana, em meio a dois grandes eventos: o I Colóquio Centro Lemann - Pesquisa em Equidade na Educação e o Encontro de Prefeitas e Prefeitos pela Equidade na Educação. Os eventos reunirão líderes municipais e pesquisadores em torno de reflexões e debates sobre o tema da equidade na educação básica.

O Centro Lemann é o primeiro centro de excelência com foco na redução de desigualdades educacionais no Brasil, um desafio que se tornou ainda mais complexo com a pandemia. A nova instituição atuará a partir de dois programas: o Programa de Formação de Lideranças Educacionais e o Programa de Pesquisa Aplicada. Ambos foram construídos a partir da escuta e colaboração de diferentes atores e organizações provenientes das cinco regiões brasileiras e de outros países.

Idealizado pela Fundação Lemann, também responsável pela criação de outros Centros Lemann de excelência em universidades estrangeiras, como Stanford, Columbia, Illinois e Oxford, a nova organização não está vinculada a uma instituição acadêmica, mas atuará em parceria com diversas universidades nacionais e internacionais.

Anna Penido, diretora executiva do Centro Lemann, destaca: "A iniciativa nasceu da constatação de que no Brasil, um dos países com maior nível de desigualdade do mundo, as escolas muitas vezes não apenas perpetuam como potencializam as iniquidades. É preciso mudar a mentalidade da sociedade para desnaturalizar o fracasso escolar e enfrentar essas desigualdades em suas diversas dimensões - sociais, raciais, territoriais, de gênero etc.".

"O Centro Lemann tem a experiência de Sobral como sua maior inspiração. Um município pequeno, que, apesar de lidar com uma realidade socioeconômica desafiadora, conseguiu transformar sua educação pública de maneira inequívoca e sustentável, por meio de ações que garantiram aprendizagem com equidade para cada estudante. Acreditamos que essa transformação é possível em todo o país", afirma Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann.

Abrindo a semana de eventos, aconteceu, nos dias 6 e 7 de dezembro, o I Colóquio Centro Lemann - Pesquisa em Equidade na Educação, que contou com a presença de pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e regiões do país. O objetivo do evento é promover a troca de conhecimentos e experiências sobre a pesquisa em equidade na educação, construir uma agenda comum e colaborativa de estudos nessa área e debater sobre a construção de indicadores para monitorar as desigualdades educacionais e a promoção da equidade em redes e escolas públicas brasileiras.

A programação do colóquio foi dinâmica e interativa, contando com diversos momentos de discussão, visitas a escolas de Sobral e apresentações inspiracionais. Fizeram parte desse último momento palestras de pesquisadores e especialistas como:

- Cida Bento, doutora em psicologia e fundadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT); 

- Fábio Waltenberg, professor associado da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador do Centro de Estudos sobre Desigualdade e Desenvolvimento; 

- Gabrielle Oliveira, professora associada de Educação e Estudos do Brasil na Harvard Graduate School of Education; 

- Maurício Ernica, docente do Departamento de Educação da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da mesma universidade; 

- Chico Soares, ex-presidente do Inep/MEC, doutor em estatística pela University of Wisconsin-Madison e pós-doutorado em educação pela University of Michigan - Ann Arbor; 

- David Quinn, professor assistente de educação na Rossier School of Education, University of Southern California; 

- Márcia Lima, professora do departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP); 

- Daniel Santos, professor-doutor de economia na Universidade de São Paulo e coordenador do LEPES (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social); 

- Eduardo Marino, diretor de conhecimento aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal e membro do conselho consultivo do Núcleo Ciência pela Primeira Infância (NCPI).

Nos dias 09 e 10, será realizado o Encontro de Prefeitas e Prefeitos pela Equidade na Educação, que reunirá representantes de cerca de 50 municípios interessados em aderir ao Programa de Formação de Lideranças Educacionais. Os participantes terão a oportunidade de conhecer melhor a iniciativa, interagir com a experiência de Sobral e debater sobre as desigualdades acirradas pela pandemia, com vistas a desnaturalizar o fracasso escolar e se comprometer com a promoção de aprendizagem e desenvolvimento integral com equidade para cada estudante da sua rede. O evento também pretende ampliar a compreensão das prefeitas e dos prefeitos sobre a importância de fortalecer as lideranças educacionais de seus municípios para alcançar esse objetivo.

 A programação do encontro contará com a participação do ex-prefeito de Sobral e conselheiro do Centro Lemann, Veveu Arruda, que abordará como o gestor público pode reverter o cenário da desigualdade educacional. Estarão também presentes para uma roda de conversa sobre o caso Sobral lideranças locais, como o atual prefeito, Ivo Gomes, o secretário de educação, Herbert Lima, e a superintendente de educação, Sâmia Linhares.

Para atingir o seu propósito, o Centro atuará por meio de dois programas:

• Programa de Pesquisa Aplicada: tem o propósito de colaborar com centros de pesquisas nacionais e internacionais para fazer avançar uma agenda colaborativa de estudos que apontem caminhos e soluções concretas para a redução de desigualdades na educação. Também busca formar jovens pesquisadores e desenvolver indicadores educacionais com foco em equidade.

 • Programa de Formação de Lideranças Educacionais: destina-se a secretários de educação, técnicos que acompanham as escolas e diretores escolares, buscando apoiá-los a repensar suas crenças, valores e atitudes, ampliar seu compromisso com a equidade, desenvolver visão sistêmica e fortalecer sua capacidade técnica na área da gestão. O programa é gratuito e tem a expectativa de chegar a todas as redes de ensino do Brasil em um prazo de 15 anos, além de compartilhar conhecimentos e realizar parcerias com países que enfrentam dificuldades semelhantes.