Mulher, negra, latino-americana e nova gestora do Brasil on Campus: conheça Raquel Helen
Nova gerente da Fundação Lemann, Raquel Helen conta sua história e explica o que os estudantes podem esperar da nova fase do programa.
O Brasil on Campus é uma iniciativa da Fundação Lemann e tem o propósito de impulsionar a experiência de estudantes brasileiros nas melhores universidades ao redor do mundo, fomentando discussões sobre o nosso país através de eventos, ações e a criação de conexões e networking entre esses estudantes.
Com a chegada da nova gerente da Fundação Lemann, Raquel Helen Santos Silva, que passará a liderar o programa, ele passará por um processo de transição.
Nesta publicação, você vai conhecer um pouco mais a história da Raquel, que já estudou no exterior, tem bastante experiência nesse assunto e está pronta para compartilhar, ouvir e discutir nesta nova fase do Brasil on Campus.
E quem conta essa história é a própria Raquel, com suas palavras e perspectivas.
Minicurrículo: por onde Raquel já passou
Sou apaixonada por pessoas. Diversa por definição, inclusiva como missão. Como mulher, negra, latino-americana, meus caminhos acadêmicos e profissionais foram impulsionados pelo desejo de cultivar oportunidades para indivíduos e grupos sub-representados. Igualdade e justiça são alguns dos meus valores fundamentais, e gerar impacto social em escala é uma das minhas motivações principais.
Potencializar recursos humanos e financeiros para apoiar indivíduos e instituições a se tornarem mais diversos e inclusivos é um de seus indicadores-chave de desempenho. Gosto muito de aplicar teorias e conhecimentos na prática, construir estratégia e de desenhar e implementar programas inovadores e interseccionais de diversidade & inclusão e impacto social.
Idiomas são pontes através das quais construí conexões pessoais, acadêmicas e profissionais relevantes ao redor do mundo. Além de português, falo inglês fluente, espanhol intermediário e francês básico. Representei instituições em conferências no Reino Unido, na Suíça, na França, no Canadá, na Lituânia e no Peru.
Também liderei viagens focadas no desenvolvimento de competências interculturais em Israel/Palestina, na China e em Gana. Em 2011, tive a honra de realizar a abertura do discurso da Primeira-Dama Michelle Obama, em Brasília.
Concluí bacharelado em Relações Internacionais pela Mount Holyoke College, uma faculdade só para mulheres nos Estados Unidos. Sou bacharel em Ciências do Estado e Governança Social pela UFMG, no qual pesquisei sobre a influência do Sistema Interamericano de Proteção aos Direitos Humanos na criação de legislação e políticas públicas para a proteção da mulher contra a violência doméstica no contexto do Caso Maria da Penha no meu trabalho de conclusão de curso. Além disso, tenho mestrado em Relações Internacionais com foco em Gênero e Desenvolvimento Internacional pela Universidade de Yale, para o qual fui agraciada com bolsa integral por mérito.
Quem é a Raquel?
Em 2012 fui convidada pra contar um pouco da minha trajetória em um TEDx na minha cidade natal, Belo Horizonte. Convido vocês a assistirem! :) Nasci em BH, e costumo dizer que eu sou uma mineira do mundo. Ao mesmo tempo que amo viajar e conhecer lugares novos no Brasil e no exterior, tenho um carinho muito especial pelo meu estado natal e pela ‘mineiridade’.
Sou muito hospitaleira e acolhedora, algo que aprendi com a minha família e carrego comigo. Gosto muito de conversas longas, adoro fazer perguntas, viver experiências novas e colecionar memórias. Quando não estou conversando, lendo e escrevendo sobre transformação social, gosto de ver filmes e documentários, ler literatura e poesia e testar receitas de bolos e doces.
Como tudo começou?
Minha infância foi uma fase muito feliz da minha vida, apesar dos desafios. Minha mãe e meu pai faleceram ainda nos meus primeiros anos de vida. A partir desse momento, fui criada por minhas tias e avós maternas, e minha tia mais nova assumiu a minha tutela e a da minha irmã mais velha.
A educação foi algo que minha família sempre valorizou, que aguçou ainda mais a minha curiosidade. Parques, museus, bibliotecas, locais históricos, monumentos, foram alguns dos componentes presentes nesse período. Cursei todos os anos do ensino fundamental e médio em escola pública, na qual eu acredito.
Foi o aprendizado e os relacionamentos cultivados ali que me permitiram o acesso à universidade (sou a única pessoa da minha família nuclear a ter ingressado e concluído uma graduação em uma universidade federal). Também por esse motivo, escolhi buscar uma carreira que gerasse oportunidades para grupos diversos e equidade.
Estudar ‘fora’ foi algo que comecei a almejar no ensino médio, depois de ter participado do Programa Jovens Embaixadores, iniciativa da Embaixada Americana no Brasil para estudantes de ensino médio de escolas públicas que atuam voluntariamente como líderes comunitários.
Eu fui a primeira pessoa da minha família a viajar para o exterior e foi graças à experiências de curta duração nos EUA, em 2008, que eu enxerguei a possibilidade de considerar o processo de admissão para universidades em outros países.
Focando nesse desejo, busquei suporte em organizações que apoiam estudantes no processo de admissão.
Fui selecionada para o Programa Oportunidades Acadêmicas, do EducationUSA, que ofereceu apoio financeiro e acompanhamento de todo o processo na graduação (me candidatei em 2010) e para o mestrado (em 2016).
Estudar além fronteiras foi uma experiência extremamente enriquecedora, que abriu portas que eu nunca imaginei serem possíveis. Aprendi, e cresci como pessoa, acadêmica e profissionalmente, e compartilhei tudo isso com minha família, amigos e outros jovens brasileiros que sonham em ter essa experiência, mas passam por desafios semelhantes aos que eu enfrentei.
O trabalho com impacto social
Comecei a fazer trabalho voluntário muito cedo, aos 9 anos de idade, porque era algo que minha família tinha como valor. Minha avó materna é uma referência pra mim, uma senhora que veio do interior de Minas Gerais para a capital e que, apesar de ter poucos recursos financeiros, sempre teve uma mentalidade de generosidade.
Segundo ela, mesmo tendo pouco, sempre podíamos contribuir com algo. Ao longo dos anos, fui descobrindo caminhos que possibilitaram conciliar uma contribuição com transformação social e desenvolvimento de uma carreira. Acredito em jornadas não lineares e multissetoriais.
Já estudei, trabalhei e lecionei no Brasil, nos Estados Unidos e na China. Trabalhei em empresas multinacionais de tecnologia com filantropia, responsabilidade corporativa e diversidade e inclusão. Atuei também em governos nacionais e internacionais, organizações multilaterais e no Terceiro Setor em países em desenvolvimento.
Acredito no poder das parcerias e ser possível gerar impacto tendo como base o nosso lugar de influência, além de colaborar com organizações diferentes que estejam engajadas em objetivos comuns.
O que o Brasil on Campus pode esperar
Cheguei em março de 2023 na Fundação Lemann e estou muito animada com as possibilidades que pretendemos construir para o BoC a partir de agora. Estamos em um momento de avaliação do que foi feito até aqui e nos preparando a fim de oferecer uma experiência ainda melhor aos estudantes e alunos brasileiros, para termos uma comunidade ainda mais forte e assim contribuirmos cada vez mais com o desenvolvimento do Brasil.
Contem comigo como ponto de contato. Estou à disposição para escutar e colaborar no que for possível. Fiquem ligados, porque vem muita coisa boa por aí!