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14 março 2024 | 00h00

Mulheres na Liderança: desconstruindo barreiras para a equidade de gênero

Confira dados sobre o panorama e o potencial de mulheres em cargos de liderança.

Ao longo da história, as mulheres foram privadas de exercer direitos civis e políticos em uma sociedade onde “homem” era sinônimo de “humanidade”. Apesar dos avanços nos últimos 150 anos, a equidade de gênero é uma meta distante em muitos setores, especialmente em cargos de liderança.

De acordo com a última edição do Global Gender Gap Index — estudo sobre desigualdade de gênero realizado pelo Fórum Econômico Mundial —, a participação global de mulheres na liderança corresponde a 37%. Isto é, elas ocupam apenas um terço dos cargos de liderança no mundo. 

Durante a pandemia, a fragilidade desse equilíbrio se tornou ainda mais evidente. O relatório Women in the Workplace revelou que, em 2020, as mulheres seniores tinham 50% mais chances que os homens de diminuir a carga de trabalho em decorrência da Covid-19. 

Embora este cenário esteja começando a dar sinais de mudança no Brasil e no mundo, a consultoria PwC identifica uma lentidão nesse crescimento, principalmente quando comparado aos patamares pré-pandemia. Ou seja, há um trabalho robusto a ser feito para compreender, em profundidade, os obstáculos que impedem a ascensão de lideranças femininas. 

Confira, a seguir, alguns dados para desconstruir estereótipos de gênero em cargos de liderança: 

Liderança feminina: competência e lucratividade 

Crenças limitantes como “líderes homens são mais objetivos”, “esse é um trabalho estratégico demais para uma mulher” ou “o que será que ela fez para conseguir essa promoção?” são comuns no imaginário coletivo de uma sociedade que não superou a desigualdade de gênero.

Não à toa, para alcançar a mesma probabilidade que os homens têm de conseguir empregos no setor formal, uma mulher precisa garantir 5 anos de vantagem de escolaridade. Em sua coletânea de artigos Escritos de Uma Vida, a filósofa Sueli Carneiro traz, ainda, uma perspectiva racial: quando se tratam de mulheres negras, o tempo é de 8 a 11 anos. 

Isso porque, historicamente, mulheres têm sua competência vinculada ao cuidado. Fora dessa esfera, precisam se provar acima da média. Além de esta ser uma perspectiva socialmente construída, há estudos que provam o contrário. 

Uma pesquisa realizada pela organização Leadership Circle analisou mais de 84 mil líderes e 1,5 milhão de avaliadores, revelando que as lideranças femininas se destacam mais do que os colegas homens no quesito eficácia, em todos os níveis de gerenciamento.  

Outro estudo, divulgado pela ONG Conference Board,mostrou que  organizações com até 30% de mulheres na liderança têm 12 vezes mais chance de estar entre as 20% melhores em desempenho financeiro. 

Equidade racial: mulheres negras em cargos de liderança

Sem dúvida, a desigualdade de gênero afeta todas as mulheres, mas não da mesma forma. Ao traçar uma interseção com o recorte racial, a lacuna para mulheres negras é ainda maior quando comparada a de mulheres brancas em cargos de liderança.

Um levantamento da consultoria Gestão Kairós entrevistou 900 lideranças e concluiu que mulheres negras ocupam apenas 3% dos cargos executivos. À medida que a hierarquia sobe, a proporção diminui; mulheres negras ocupam apenas 1% dos cargos de chefia. 

Já o estudo Mulheres Negras na Liderança 2023 — realizado pela 99jobs.com, em parceria com o Pacto Global da ONU no Brasil — estima que 71% das empresas têm cerca de 10% de mulheres negras em posições de liderança. Desse total, 60% das entrevistadas afirmam se sentirem solitárias na liderança, somatizando um impacto na saúde mental das profissionais. 

Em contrapartida, dados do relatório Diversidade como Alavanca de Performance, da consultoria McKinsey & Co. , comprovam que empresas diversas têm melhores resultados. A proporção é de 23% mais lucratividade quando há diversidade de gênero e 33% quando há diversidade racial. 

Maternidade e liderança: um diferencial para os negócios

Outro recorte significativo para mulheres em cargos de liderança é a maternidade. Geralmente, este tópico aparece em entrevistas de emprego, além de ser uma barreira para a entrada de mulheres no mercado de trabalho.

Segundo levantamento realizado pela Nielsen e pela Opinion Box, em 2022, 75% das mulheres entrevistadas afirmam que a gravidez é critério utilizado para questionar a competência do trabalho que realizam. A pesquisa também revela que 52% das mulheres já foram questionadas sobre onde deixariam os filhos durante o trabalho. 

Mesmo quando as mulheres têm segurança no ambiente de trabalho, a sobrecarga de múltiplas jornadas impacta a experiência corporativa. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que mulheres que trabalham fora do lar acumulam 6,8 horas semanais a mais que os homens em tarefas domésticas. 

No entanto, nem todos os impactos são negativos. Se por um lado 48% das mulheres são demitidas até dois anos após a licença-maternidade, 98% delas desenvolvem habilidades de liderança que agregam no currículo a partir da maternidade. É o que mostra pesquisa realizada pela consultoria Filhos no Currículo, em parceria com o Movimento Mulher 360. 


"Não há um único campo social, artístico ou do conhecimento em que nós [mulheres] não tenhamos nos destacado" 

- Rosa Monteiro. Nós, mulheres: Grandes Vidas Femininas, p.12.


#CiteMaisUma Liderança Feminina

Mesmo com as inúmeras barreiras da desigualdade de gênero, elas continuam fazendo História na liderança. A fim de celebrar e trazer luz para o potencial da liderança feminina, a Fundação Lemann lança a campanha #CiteMaisUma. Para participar, basta nos ajudar a disseminar o trabalho realizado por mulheres que estão transformando o Brasil. Que tal ecoar essa causa? Acesse o material de divulgação aqui

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