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8 novembro 2021 | 00h00

O impacto da pandemia na alfabetização no Brasil

Avaliação revelou que 73% dos estudantes estão na categoria dos "não alfabetizados", enquanto apenas 7% podem ser considerados leitores fluentes.

A questão do analfabetismo produzido na própria escola é “endêmica”, conhecida dos professores e gestores educacionais brasileiros e já foi medida em 2014 e 2016 e 2019.

Nos dois primeiros anos, o diagnóstico foi realizado pela ANA - Avaliação Nacional de Alfabetização, e em 2019, pela Avaliação Amostral de 2º ano do SAEB - Sistema de Avaliação da Educação Básica. Constatou-se que, na média, quase 50% das crianças do ensino fundamental no 2º ano, segundo o SAEB-2019, e do 3º ano, nas duas edições da ANA, encontravam-se em situação de não alfabetizadas

Era, e ainda é, preciso alertar estados e municípios para a gravidade da situação e apoiá-los na construção de caminhos para sua superação. Neste sentido, a Fundação Lemann, o Instituto Natura e a Associação Bem Comum, com o apoio da B3 Social e Fundação Vale, firmaram com governos estaduais uma proposta de cooperação técnica para que estes implementem uma série de medidas, estabelecendo parcerias com seus municípios para que, juntos, enfrentem o problema. O programa ganhou o nome de PARC - Parceria pela Alfabetização em Regime de Colaboração e já se encontra, apesar da pandemia, em fase de implementação em 10 estados brasileiros.

Entre setembro e outubro de 2021 foi realizada, em parceria com os 10 estados participantes que adotaram a PARC, uma avaliação de fluência leitora com 250 mil alunos pertencentes às respectivas redes. Esta avaliação teve dois objetivos:

  1. Estabelecer um marco do atual nível de leitura depois dos piores efeitos da pandemia;
  2. Usar as informações para definir estratégias de redução dos prejuízos sofridos pelas crianças.

A avaliação de fluência leitora consiste em apresentar às crianças palavras, pseudopalavras - que são palavras inventadas - frases e textos. Esta modalidade enriquece o repertório de avaliações de alfabetização já realizadas no Brasil e tem sido bem aceita pelos professores.

Os alunos foram distribuídos em três níveis:

  • Pré-leitor – Aluno que não consegue ler ou lê no máximo nove palavras num intervalo de um minuto.
  • Leitor iniciante – que lê entre 10 até 60 palavras e pseudopalavras em um minuto;
  • Leitor fluente – que além das palavras e pseudopalavras, lê textos com fluência.

Os resultados foram os seguintes: 73% alunos pré-leitores, 20% de leitores iniciantes e somente 7% de leitores fluentes.

O efeito da pandemia, por sua vez, pode ser estimado pelos resultados de quatro estados para os quais também existem dados para 2019. Nestes, o percentual de alunos no perfil pré-leitor cresceu significativamente, passando de 52% em 2019 para 73% em 2021. Para as crianças em idade de alfabetização, o fechamento das escolas sem que houvesse outros recursos para substituir as aulas foi um sério agravante, e é possível assumir que esse mesmo efeito se deu por todo o Brasil.

A sensibilização, o “estado de alerta” e o nível de compromisso que alguns governos estaduais têm demonstrado, ao procurar a parceria de seus respectivos municípios e a cooperação técnica da PARC, são um importante indicador de que o tema entrou na agenda política e tem sido tratado com maior senso de urgência. Esses estados e seus municípios estão enfrentando com coragem o desafio e implementando uma estratégia sistêmica, que simultaneamente dá atenção e apoio para todas as dimensões do processo escolar e de aprendizagem.

Mais informações
Assessoria de Imprensa – Analítica Comunicação
Rení Tognoni - reni@analitica.inf.br
Júlia Rezende - julia.rezende@analitica.inf.br

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