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21 dezembro 2018 | 00h00

PISA para escolas

Convidamos redes públicas e privadas, que se destacaram em avaliações como Prova Brasil e Enem, para participar de prova internacional

O Pisa para Escolas é uma avaliação voluntária, aplicada a pedido das escolas, e baseada no Programme for International Student Assessment (Pisa), da OCDE. Assim como o Pisa, ele avalia conhecimentos de matemática, ciências e leitura de estudantes de 15 anos.

Enquanto o objetivo do Pisa é fornecer resultados em nível nacional, possibilitar um panorama do sistema de ensino de cada país, o Pisa Para Escolas foi elaborado para produzir resultados individuais das escolas, que possam servir para o seu próprio aperfeiçoamento.

Como as duas avaliações são baseadas no mesmo modelo, os resultados são comparáveis. Isso significa que as escolas participantes do Pisa Para Escolas podem se avaliar em relação ao sistema de ensino brasileiro e também ao de outros países participantes do Pisa.

Qual o objetivo do Pisa para Escolas?

  • Colaborar com a formação de gestores, líderes e educadores, fornecendo uma análise baseada em evidências sobre o desempenho de seus alunos.
  • Medir conhecimentos, habilidades e competências dos alunos que são importantes para o sucesso nos estudos e no mundo do trabalho.
  • Fornecer informações sobre o clima de aprendizagem dentro da escola, o histórico socioeconômico dos alunos e a motivação deles para aprender.
  • Auxiliar as escolas a medir uma ampla série de habilidades, além da matemática, da leitura e da ciência.
  • Proporcionar oportunidades de troca e aprendizagem entre professores e gestores escolares.

De acordo com a OCDE, o Pisa Para Escolas já foi aplicado em mais de 2.200 escolas ao redor do mundo. Educadores relataram que utilizaram os resultados obtidos, principalmente, para: avaliar seu desempenho em um cenário global, estabelecendo metas em relação aos melhores sistemas de ensino e criando um senso de urgência por níveis mais altos de desempenho; entender melhor as dificuldades enfrentadas por estudantes de baixo nível socioeconômico e criar um ambiente de aprendizagem entre professores e com outras redes de ensino.

Como funciona o teste?

Organizações credenciadas pela OCDE são responsáveis pela implementação da avaliação. Sob uma supervisão técnica da OCDE, os prestadores de serviços administram a avaliação às escolas, realizam a análise de dados e depois fazem a entrega dos relatórios finais.

Os alunos respondem a aproximadamente duas horas de perguntas de leitura, matemática e ciências e a um questionário contextual de cerca de 30 minutos. Os diretores também fornecem informações sobre sua escola preenchendo um questionário.

Para receber o relatório de desempenho, as escolas devem atender aos seguintes requisitos: 

  1. Um mínimo de 35 alunos; 
  2. Uma taxa de participação de pelo menos 80% do total de alunos de 15 anos de idade para escolas com mais de oitenta e cinco alunos elegíveis.

As escolas recebem um relatório abrangente e detalhado sobre seu desempenho. Os dados coletados e os relatórios gerados como resultado da avaliação pertencem à escola.

Pisa Para Escolas no Brasil

Para contribuir com a construção de políticas públicas baseadas em dados e evidências, a Fundação Lemann trouxe para o Brasil o PISA para Escolas. Nessa primeira edição, 46 escolas realizaram a avaliação a convite da organização.

O objetivo foi entender mais a fundo os sistemas de ensino das unidades de ensino que geram bons resultados para que possam servir de inspiração e referência a outras escolas brasileiras.

Essa primeira edição também cumpriu um papel muito importante de testar esse modelo de avaliação no contexto brasileiro, abrindo as portas para que outras instituições possam fazer o teste.

Resultados da Pesquisa

Das 46 escolas que realizaram o Pisa Para Escolas, 13 eram particulares e 33 públicas. Foram selecionadas instituições que se destacam por seus desempenho em avaliações nacionais como Enem e Prova Brasil em seis estados. Os resultados da pesquisa trazem alertas e boas notícias para o país.

  • Entre escolas do mesmo nível socioeconômico, há escolas públicas superando as particulares em ciências, matemática e leitura.
  • Algumas escolas públicas que participaram do Pisa for Schools têm resultados comparáveis a economias desenvolvidas. Há escolas que atendem alunos com nível socioeconômico menor que a média do Brasil, que alcançaram resultados acima da média da OCDE. E escolas com alunos de alto nível socioeconômico no Brasil estão melhores ou no mesmo patamar que países muito bem colocados no Pisa, como Singapura. Isso é um indicativo que existem boas práticas nessas escolas que poderiam ser compartilhadas.
  • Existe uma grande discrepância entre escolas que atendem alunos de alto e baixo nível socioeconômico. Apesar das melhores colocadas em cada disciplina serem públicas, apenas 4 escolas públicas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico alcançaram resultados acima da média da OCDE em leitura (em um total de 23 escolas da amostra que ultrapassaram a mesma marca). Em ciências, apenas 2 e em matemática nenhuma escola pública que atende alunos de baixo nível socioeconômico conseguiu resultados acima da média da OCDE.
  • Foi possível correlacionar os resultados das escolas no Enem com seu desempenho no PISA para Escolas. Assim, escolas que tiveram bons resultados na avaliação nacional também tiveram bons resultados na internacional. Isso significa que o Enem pode ser um bom indicador dos resultados do Pisa.

A seguir, detalhamos os resultados por área e trazemos mais informações sobre alguns dos destaques:

Leitura

Foi a área em que as escolas obtiveram o melhor desempenho.

No gráfico é possível perceber que 10 escolas públicas superaram a média da OCDE e 15 escolas públicas têm desempenho melhor que a média do Chile (país sul-americano melhor colocado no Pisa 2015),  e 4 públicas escolas que atendem alunos de baixa renda (próximas a média socioeconômica do Brasil) têm desempenho melhor que a média da OCDE.

A linha na diagonal demarca qual é o resultado esperado de acordo com o nível socioeconômico dos alunos. Ela foi calculada a partir dos resultados do Brasil no Pisa 2015, o que possibilita a análise dos resultados esperados de acordo com o contexto brasileiro. É possível notar que, à exceção de uma escola, todas as demais conseguiram resultados melhores do que o esperado para alunos em seus níveis de renda no Brasil. 

Matemática

Em matemática, os resultados já se mostram mais desafiadores.

O gráfico mostra que 6 escolas públicas têm desempenho melhor que a média da OCDE e 14 públicas melhor que média do Chile. Uma escola particular que atende alunos de baixo nível socioeconômico com resultados acima da média da OCDE, nenhuma escola pública conseguiu alcançar essa marca.

Podemos notar a partir da linha diagonal que cinco escolas não conseguiram alcançar o que esperado para o nível socioeconômico de seus alunos.


Ciências

Já em ciências, as escolas possuem bons resultados quando analisados o esperado para o nível socioeconômico, mas é possível notar que entre os alunos de baixa renda nenhuma escola se destaca.

O gráfico mostra que oito escolas públicas têm desempenho melhor que a média da OCDE, 16 públicas resultados melhores que os do Chile. Entre as escolas que atendem alunos de baixo nível socioeconômico, apenas duas tiveram resultados acima da média da OCDE.

Analisando a linha diagonal, é possível notar que apenas uma escola fica com desempenho abaixo do que é esperado para seu nível socioeconômico de acordo com o contexto brasileiro.

Comparação do PISA com o Enem

Em geral, observou-se que as escolas que tiveram um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também se destacaram no Pisa para Escolas. A escola que obteve 633 pontos em matemática no Pisa para Escolas, por exemplo, conseguiu cerca de 720 na mesma área no Enem 2016. O contrário também é verdadeiro: a escola que obteve 322 pontos em matemática no Pisa for Schools conquistou cerca de 400 no Enem. Isso significa que a nota do Enem pode ser um bom indicador dos resultados do Pisa.

Você pode conferir um sumário executivo da pesquisa e um resumo dos resultados clicando aqui. Os nomes das unidades escolares são confidenciais e não serão divulgados.

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