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1 fevereiro 2017 | 11h00

Gamificação para um aprendizado transformador

Apaixonado pela docência, pesquisador constrói pontes entre psicologia, games e matemática em busca de novos caminhos para a educação

Melhorar o ensino público por meio de jogos digitais, criando novas soluções para a educação. Esse foi o desafio apresentado a Luciano Meira, em 2007, quando o governo do Estado de Pernambuco convidou-o, em conjunto com outros professores, a desenvolver um trabalho em parceria com empresas de games. A oportunidade atraiu a atenção e os esforços do professor para a área do ensino gamificado. 

Ao embarcar no projeto, Luciano levou uma excelente bagagem. Formado em Matemática pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ele é PhD em Educação Matemática, por Berkeley, tem bacharelado em Pedagogia pela FAFIRE e é mestre em Psicologia pela UFPE.

O trabalho para o Estado de Pernambuco começou com uma pesquisa e evoluiu para a criação de uma olimpíada de jogos digitais, tematizando competências e habilidades necessárias ao Enem e à Prova Brasil. “Em 2010, quando concluímos o projeto, ficou evidente que essa é uma solução escalável, então fundamos a Joy Street”, conta Luciano, sobre a criação da empresa da qual é cofundador e que desenvolve tecnologias educacionais lúdicas. 

Ganhando o Brasil

Ao longo dos últimos sete anos, o projeto foi amadurecendo e hoje é oferecido para diversas secretarias de educação. A Olimpíada de Jogos Digitais e Educação (OJE) possui uma plataforma gamificada em parceria com a Prefeitura de Recife. “Ela funciona como uma olimpíada de aprendizagem ao longo do ano, com uma série de torneios que apontam para as competências da matriz do currículo”, explica Luciano. 

O processo de interação tem foco em mobilizar os estudantes que, por sua vez, passam a mobilizar professores e gestores. Na OJE, quando o aluno não passa de uma fase, o torneio zera, sendo possível tentar novamente. “A gente torna os alunos curiosos para perguntar aos professores e estabelecer ali uma relação”, conta Luciano. Por essa característica, os jogos são chamados “conversacionais”, uma vez que incentivam o diálogo. 

A dinâmica se desenvolve ao longo do ano, culminando em eventos nos quais os times competem presencialmente. Hoje, as olimpíadas estão presentes nos estados do Rio de Janeiro, Acre, Sergipe e Pernambuco, e já alcançaram cerca de 150 mil alunos. 

Recentemente a Joy Street expandiu para a educação a distância (EAD) o estudo gamificado. A plataforma está sendo construída como “uma franquia nacional, nascida em Pernambuco, de ensino técnico, com dez disciplinas diferentes, como informática e eletrônica”. 

Atualmente, Luciano trabalha como professor adjunto de psicologia na UFPE e professor colaborador do mestrado em Design de Artefatos Digitais do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife. Com a Fundação Lemann, trabalhou junto a outros educadores brasileiros em um projeto sobre experimentações didáticas, na Universidade Stanford. 

O programa foi desenvolvido após a entrada do professor na rede de Lemann Fellows. A oportunidade resultou na coautoria do livro “Ludicidade, Jogos Digitais e Gamificação na Aprendizagem: Estratégias para Transformar as Escolas no Brasil”, junto ao professor Paulo Blikstein, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

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