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20 agosto 2020 | 08h00

77% dos estudantes se sentem tristes, ansiosos ou irritados

Esta é a terceira onda da pesquisa Datafolha – resultados mensais. Trata-se, portanto, de panorama amplo da educação brasileira durante a pandemia.

Uma série com três pesquisas realizadas pelo Instituto Datafolha investiga, desde maio, como tem sido o cotidiano de estudos em casa de alunos da rede pública municipal e estadual, com a pandemia e o fechamento das escolas. Os reflexos da pandemia na educação são vários e a série histórica mostra que, de maio a julho, as redes públicas continuaram buscando alternativas de atividades escolares não-presenciais para os seus estudantes, passando de 74% para 82% os alunos com acesso a algum conteúdo pedagógico. Porém, com o passar do tempo, eles se mostram mais desmotivados, ansiosos e com dificuldade para manter a rotina de estudos.

Em julho, a pesquisa mostra que 77% dos estudantes estavam tristes, ansiosos, irritados ou sobrecarregados na pandemia, segundo as respostas dos pais e responsáveis. Além disso, aumentou o percentual de alunos cujos pais temem que desistam da escola por não estar acompanhando as atividades: de 31% em maio e junho, para 38% em julho. Este índice é maior para o ciclo dos Anos Finais (43%).

A série histórica foi encomendada ao Datafolha pela Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures com o intuito de traçar um panorama da educação pública na pandemia sob o ponto de vista dos pais e responsáveis e dos seus estudantes. Na terceira pesquisa da série, o Datafolha entrevistou, via telefone, 1.056 pais ou responsáveis por 1.556 estudantes de escolas públicas de 7 a 15 de julho de 2020.

Subiu de 46% em maio para 51% em julho o índice de estudantes desmotivados com os estudos durante a pandemia. Este percentual é maior entre os alunos dos anos finais: de 50% em maio para 54% em julho. Também passou de 58% para 67%, entre maio e julho, o percentual dos que percebem dificuldade na rotina das atividades em casa, e de 31% para 38% os estudantes com risco de desistir da escola por não conseguir acompanhar o ritmo das aulas, segundo as respostas de pais ou responsáveis.

“A ansiedade está ligada, muitas vezes, à falta de perspectiva com o término da pandemia. Estamos vivendo em um mundo com muitas incertezas e isso tem reflexo no aluno. A escola tem a possibilidade de reduzir esse sentimento ao intensificar o contato do professor com a família e os alunos, informando sobre os próximos passos, dando dicas de estudos em casa. Esse contato é essencial e precisamos discutir as melhores condições para que esse contato exista”, diz Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemann.

“Há um grande esforço das redes públicas de ensino, professores e famílias para mitigar os efeitos da suspensão das aulas presenciais por meio do ensino remoto. Mesmo com todas as dificuldades de recursos, conectividade e planejamento, todos têm se dedicado para garantir que os alunos evoluam em 2020. Mas, para conferir o máximo de unidade neste cenário desafiador, é necessário um apoio cada vez maior aos professores e às famílias, que têm a missão de auxiliar e incentivar os alunos. Para além da formação, é preciso reconhecimento com recursos concretos para que os professores possam desenvolver com excelência o seu trabalho. O vínculo entre família e escola também é primordial e deve ser fortalecido, a fim de evitar o abandono e a evasão escolar”, avalia Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

SITUAÇÃO PSICOLÓGICA DOS ESTUDANTES
A dificuldade na rotina de estudos é acompanhada pelos sentimentos dos alunos na pandemia, observados pelos pais ou responsáveis por eles. A ampla maioria (90%) declara que os alunos têm saudades dos professores e 56% mantêm contato com colegas da escola.
Ainda segundo a percepção dos pais, 64% dos estudantes estão ansiosos. Passou de 45% para 48%, entre junho e julho, os que estão mais irritados, e de 36% para 41% os que se sentem tristes. E 27% dizem estar sobrecarregados.

SEGMENTAÇÃO
Na pesquisa de julho, também foi feita uma segmentação por perfil de estudantes, tendo como base os resultados dos três estudos Datafolha, que analisou as variáveis sobre a rotina de estudos e dividiu os alunos em quatro grupos, que receberam algum tipo de atividade para fazer em casa (82% no levantamento de julho).
São eles:
‘Adaptados’ e ‘Superadores’ – 40% dessa amostra – são aqueles mais adaptados ao modelo de estudo na pandemia;
‘Resilientes’ e ‘Em Risco’ – 60% da amostra – estão desmotivados e com dificuldade em manter a rotina

Houve um aumento pouco expressivo entre os adaptados (de 19% para 22%) ao longo dos meses, porém ocorreu redução significativa de 32% para 17% entre os superadores. O mesmo ocorreu entre os mais desmotivados: os resilientes tiveram aumento de 23% para 26%, enquanto os estudantes em risco subiram de 26% para 35%, no período de maio a julho.

Entre os estudantes em risco, o maior percentual encontra-se nos Anos Finais (39%) e entre os que têm pais e responsáveis menos escolarizados (41% cursaram até o Ensino Fundamental). Já os mais adaptados estão no Ensino Médio (26%).

Por região, os adaptados estão mais presentes, proporcionalmente, no Sul (29%) e Nordeste (28%), enquanto no Sudeste há maior presença de alunos em risco (39%) do que nas demais regiões. No Centro-Oeste, destaca-se o índice acima da média de resilientes (32%). Nas regiões metropolitanas, 19% estão adaptados, 30% são resilientes, 19% são superadores e 33% estão em risco. Nos municípios do interior, 24% estão adaptados, outros 24% são resilientes, 16% são superadores e 36% fazem parte do grupo em risco.
Na parcela de estudantes que estão em risco, 37% são negros e 32%, brancos. A taxa de adaptados fica no mesmo patamar (21% entre negros, 22% entre brancos) e há pequena diferença na taxa de resilientes (25% e 29%, respectivamente).

RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS
92% dos pais e responsáveis pelos estudantes avaliaram que, para não perder o ano escolar, eles deveriam seguir o modelo híbrido no retorno às aulas presenciais. Ou seja, os estudantes continuariam tendo atividades pedagógicas em casa e na escola. Para 86%, o ano letivo de 2020 deveria continuar até 2021 para que os alunos aprendam, com reforço escolar, o que não aprenderam durante a pandemia. Assim, não haverá reprovação. Os responsáveis por 76% dos estudantes também acreditam valer a pena ter aulas aos sábados, 74% defendem aulas em dias alternados e 73% gostariam que houvesse mais horas de aula por dia para os alunos não perderem o ano letivo de 2020.
“Nada substitui o professor e a interação em sala de aula, mas a pandemia nos mostrou que a tecnologia pode ser uma aliada na educação. O modelo mais adequado pode ser aula presencial com o uso da tecnologia, mas para isso precisamos discutir a conectividade nas escolas e nas casas dos estudantes. O que foi aprendido na pandemia não pode virar uma lembrança, mas uma mudança de comportamento”, diz Denis Mizne, da Fundação Lemann.

Mais informações:
Assessoria de Imprensa – Fundação Lemann
Analítica Comunicação – analitica@analitica.inf.br
Rení Tognoni – reni@analitica.inf.br – cel. 11 99151-6164
Juliana Neves – juliana.neves@analitica.inf.br
Julia Rezende – julia.rezende@analitica.inf.br

Assessoria de Imprensa – Itaú Social
Elaine Alves – elaine@tamer.com.br – cel. 11 97514 0799
Ana Claudia Bellintane – anaclaudia@tamer.com.br – cel. 11 99849 5628

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