'Quero devolver pelo menos um pouco do que fizeram por mim'
Guilherme Formicki, nosso Lemann Fellow, conta um pouco da sua trajetória e do prêmio que conquistou
“Se não acreditarmos em nós mesmos, não vamos conseguir nada."
É nisso que Guilherme Formicki, nosso Lemann Fellow, apaixonado por urbanismo acredita.
Mesmo sabendo do seu talento com desenhos, Guilherme chegou a cogitar a área jurídica. Mas durante o cursinho pré-vestibular viu que a escolha deveria seria Arquitetura e Urbanismo. “Percebi que gostava mesmo do urbano. Confesso que no início, não sabia muito bem o que era, mas me encontrei na universidade”, afirma.
Em 2011, Guilherme ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. No quarto ano do curso, começou a estagiar na Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento de São Paulo. Foi quando começou a ter contato com as regiões periféricas e saber como eram construídas as moradias. Um dos momentos mais marcantes foi quando presenciou a remoção de um casal de idosos, numa favela de São Paulo. O senhor tinha câncer e sua esposa teve que parar de trabalhar para cuidar do marido.
"Naquele momento, percebi que existiam pessoas em situações muito piores do que a minha, mas sua vida não parava. Tem muita gente que passa por coisas horríveis nas favelas e ninguém faz ideia da realidade que elas vivem", conta.
As experiências do estágio trouxeram uma nova visão e também inspiração para o tema de seu mestrado em planejamento urbano, concluído em maio deste ano com o apoio de uma bolsa Lemann Fellowship.
Guilherme soube da oportunidade de ganhar a bolsa através de um cursinho preparatório. Sua dissertação “Atualização de favelas: Regimes de financiamento e Seus Efeitos sobre Oportunidades Econômicas, Fornecimento de Infra-estruturas e Segurança” foi premiada pela Graduate School of Architecture, Planning and Preservation no dia da sua formatura. “Atribuo grande parte das minhas conquistas à Fundação Lemann. Sem este apoio, certamente não estaria onde estou”, diz.
Tese premiada
Sua tese buscou comparar dois tipos de urbanização de favelas em São Paulo. Um foi efetuado por meio de financiamento público (PAC e outros fundos) e teve como estudo de caso a Favela do Sapé, no Rio Pequeno. O outro foi um modelo de Parceria Público-Privada (chamado Operação Urbana Consorciada) e foi ilustrado pela favela do Real Parque, no Morumbi.
O objetivo era observar os impactos das duas urbanizações sob o ponto de vista da provisão de infraestrutura, serviços públicos, segurança, geração de emprego e renda e influência no mercado imobiliário local.
O arquiteto contabiliza ainda outras conquistas. Em 2015 participou de um workshop de uma semana, na Alemanha, sobre desenhos urbanos e colaborou com uma pesquisa que comparava as favelas de São Paulo com as da Colômbia.
De olho no futuro, Guilherme já traçou os próximos passos: quer voltar a trabalhar no setor público e ser professor. “Sempre admirei os meus professores. Desde criança me via no lugar deles e quero devolver pelo menos um pouco do investimento que fizeram em mim. Assim como muitos me ajudaram a chegar até aqui, quero fazer com que outras pessoas também cheguem”, afirma.