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8 março 2025 | 00h00

 Dia Internacional da Mulher: conquistas e desafios

Desigualdade em foco: barreiras estruturais limitam a ascensão feminina, mas diversidade e inclusão pavimentam caminhos para a equidade

O Dia Internacional da Mulher simboliza a luta contínua por igualdade e celebra as conquistas femininas ao longo da história. Contudo, grandes desafios permanecem. Segundo o Global Gender Gap Report 2023, do Fórum Econômico Mundial, a paridade de gênero global só será alcançada em 131 anos, mantendo o ritmo atual de progresso. Na América Latina e no Caribe, essa projeção é de 53 anos. 


A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) aponta que a principal barreira para o aumento da presença feminina no mercado de trabalho é a sobrecarga com afazeres domésticos e cuidados familiares. 


Para aprofundar essas questões, na campanha “Cite Mais Uma” lançada no ano passado pela Fundação Lemann, disponibilizamos em nosso site o Guia de Dados sobre desafios das mulheres em cargos de liderança. Nele, compilamos estudos e pesquisas para promover uma compreensão mais ampla das questões de gênero e reforçar que a construção de um Brasil mais justo depende do reconhecimento dessas desigualdades e da implementação de políticas inclusivas que ampliem as oportunidades para que mais mulheres ocupem espaços de decisão.

Empoderamento para Equidade e Representatividade

A Fundação Lemann apoia projetos que promovem a equidade de gênero e a diversidade na liderança. Programas como a Rede de Mulheres Negras Líderes no Setor Público, promovida pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap); a Rede de Líderes da Fundação Lemann; e o Women's Leadership Network, da Columbia Global Centers, desempenham um papel fundamental ao ampliar a presença feminina em espaços de poder. Essas iniciativas fortalecem o empoderamento das mulheres e incentivam sua ascensão a cargos de liderança, promovendo networking e visibilidade — fatores essenciais para influenciar positivamente a formulação de políticas públicas e o mercado de trabalho.


Essas ações estão alinhadas às evidências apresentadas por Claudia Goldin, ganhadora do Prêmio Nobel de Economia em 2023, que demonstrou como a redução da disparidade de gênero no mercado de trabalho impulsiona o crescimento econômico. O estudo "Mulheres, Empresas e o Direito 2024" do Banco Mundial estimou que a eliminação da disparidade salarial de gênero poderia aumentar o PIB global em até 20%, refletindo os benefícios da plena participação das mulheres na economia. No entanto, elas ainda enfrentam barreiras para ascender a cargos de liderança e muitas vezes são preteridas em promoções, tendo suas habilidades profissionais constantemente questionadas. A falta de equidade e diversidade impacta negativamente a inovação, a pluralidade e as oportunidades de negócios.


Além disso, a desigualdade racial também se reflete no acesso a oportunidades. Embora mais da metade da população brasileira seja preta ou parda, desafios estruturais limitam o acesso dessas pessoas à educação de qualidade e aos espaços de liderança. Por exemplo, no Brasil, apenas 4% das prefeituras são lideradas por mulheres negras, evidenciando a sub-representação desse grupo em posições de poder. O fortalecimento de programas como os mencionados anteriormente contribui diretamente para a construção de um cenário mais justo e inclusivo, onde a equidade é um elemento essencial para o desenvolvimento sustentável.

Sobre o Impacto da Equidade de Gênero na Gestão Pública e no Mercado

Pesquisas como “Desigualdade de Gênero em Cargos de Liderança no Executivo Federal”, desenvolvida pelo Movimento Pessoas à Frente, revelam dados sobre a baixa participação feminina em cargos públicos. Os dados apontam que as mulheres, embora representem 51,5% da população, constituem apenas 45,2% do contingente de servidores federais. Essa sub-representação torna-se mais acentuada nos cargos de liderança, na qual ocupam 42,4% das posições. À medida que se avança na hierarquia, essa disparidade se amplia. Em todos os níveis, a participação feminina é inferior a 50%.


No setor privado, o cenário também reflete desigualdades significativas. De acordo com o relatório "Perfil Social, Racial e de Gênero das 1.100 Maiores Empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas 2023-2024", do Instituto Ethos, mulheres ocupam apenas 23,5% dos cargos executivos nas principais empresas do país, enquanto homens brancos representam 60,8%. A disparidade salarial também persiste: segundo dados do IBGE, em 2022, as mulheres receberam, em média, 17% menos que os homens, mesmo exercendo funções equivalentes. A equidade de gênero no setor privado não apenas amplia as oportunidades para mulheres, mas também melhora a competitividade das empresas, impulsiona a inovação e fortalece a economia como um todo.


SAIBA MAIS: A urgência da diversidade racial nos setores público e privado

Sobre o Impacto da Representatividade na Academia

A sub-representação feminina no meio acadêmico também impacta a produção científica. A falta de representatividade e as dificuldades no acesso e na progressão na carreira não são apenas questões de equidade, mas também afetam a qualidade e a inovação das pesquisas realizadas.

Segundo o infográfico Mulheres na ciência brasileira, de 2022, elas predominam em áreas associadas ao cuidado, enquanto homens dominam as ciências exatas e engenharias, o que reforça estereótipos. O estudo Desigualdades Raciais na Ciência Brasileira, de 2023, revelou que mulheres negras representam apenas 2,5% das docentes em programas de pós-graduação nas Ciências Biológicas e Exatas.


SAIBA MAIS: Mulheres na ciência: desafios, conquistas e equidade

A equidade de gênero é essencial para o desenvolvimento econômico, social e acadêmico. No entanto, desafios estruturais ainda limitam o acesso das mulheres ao mercado de trabalho, à política e à ciência, evidenciando que a busca por equidade exige esforços contínuos. Garantir a presença feminina em espaços de decisão passa pela implementação de políticas inclusivas, pelo fortalecimento de redes de apoio e pela promoção de iniciativas que ampliem oportunidades, especialmente para aquelas em contextos de maior vulnerabilidade.


Reconhecer a importância da representatividade e investir na inclusão são passos fundamentais para a construção de um futuro mais inovador e justo. Celebrar o Dia Internacional da Mulher é, acima de tudo, renovar o compromisso com a equidade, impulsionando mudanças concretas para que todas as mulheres possam atuar, liderar e contribuir ativamente para a transformação da sociedade.

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