Jovens participam de audiências da BNCC do Ensino Médio
Em Fortaleza, destacamos a importância de ouvir e dialogar com as escolas e os jovens para termos mais qualidade no documento
Nesta sexta-feira , 05 de julho, acompanhamos e participamos da audiência pública sobre a Base Nacional Comum Curricular em Fortaleza, Ceará. Os debates estão acontecendo nas cinco regiões do Brasil para que o documento receba contribuições de toda a sociedade.
Nós tivemos a oportunidade de fazer uma fala em que destacamos a importância de dialogar com as escolas e os jovens para garantir mais qualidade à BNCC. Nesse sentido, a audiência do Nordeste contou com a presença da União Nacional dos Estudantes, o Conselho Jovem do Porvir, entre outros.
"A BNCC dá esperança de ver como a educação vai acontecer. Considero importante a visão integral do estudante, que vê o educando de uma forma progressiva, uma forma em que as competências e as habilidades são desenvolvidas do ensino infantil ao fundamental, implementando ainda mais no ensino médio. (...) Como estudante e futuro profissional da educação, que a gente tem esperança que a BNCC é uma ação. Ela precisa ser aprovada, mas a gente precisa também lutar por outros planos de ação a nível nacional e estadual para que a gente possa ter um futuro de qualidade para o nosso país."
"Nós queremos ter acesso a uma educação que não nos forme como alienados para nos tornarmos apenas instrumentos do mercado de trabalho ou profissionais. Mas que nos forme cidadãos experientes e íntegros com a capacidade de decidir entre fazer faculdade ou seguir o seu dom. Porque médicos, advogados e professores são muito importantes, mas algumas pessoas nasceram pra ser artistas, outras escolhem o rumo do empreendedorismo. Por isso, eu espero que a escola se torne um ambiente de descoberta de dons e talentos."
A Fundação Lemann, que é parte do Movimento pela Base, foi representada pelo nosso coordenador Felipe Michael. Abaixo você pode ler a nossa fala realizada durante a audiência:
“Bom dia a todas e a todos! Falo em nome da Fundação Lemann, organização não-governamental que atua há 15 anos, em todo o Brasil, em prol da educação básica pública, de qualidade e para todos.
A Fundação Lemann também faz parte do Movimento Pela Base, grupo de professores, gestores e especialistas em educação, atuando desde 2013 a favor da criação de uma Base Nacional Comum de alta qualidade, sempre em diálogo com educadores de todo país.
Acreditamos que a BNCC precisa existir também para o Ensino Médio. Isso porque a Base explicita as aprendizagens essenciais para todos os alunos brasileiros. A Base é uma política estruturante, essencial para melhorar a qualidade e a equidade da educação básica. Para ser completa, ela precisa existir para o Ensino Médio.
Nossa análise dessa parte do documento é:
- O desenvolvimento integral do aluno ganhou ênfase. Cada habilidade está vinculada a uma competência específica. E com as competências gerais da Base, como pensamento crítico, resiliência e empatia.
A organização é em áreas de conhecimento e essa mudança induz à interdisciplinaridade, o que também apresenta desafios, demandando, por exemplo, preparação e planejamento para a formação dos professores.
É preciso revisar o texto de algumas habilidades para deixar o significado mais claro e também explicitar melhor a progressão nos textos introdutórios.
Além da parte comum, de até 1800 horas, haverá 600 a 1200 horas a mais nas escolas, com os itinerários formativos. Sobre isso, apontamos que:
A intenção de permitir aos estudantes que escolham entre diferentes caminhos possíveis é positiva. Não há país no mundo com bons índices educacionais que não permita ao jovem escolher em quais conteúdos quer se aprofundar no Ensino Médio. Hoje, oferecer apenas uma trajetória nessa etapa é umas das maiores razões para o enorme desinteresse e abandono.
Efetivar essas escolhas, no entanto, será muito desafiador para as redes. Atualmente não há orientação sobre o conteúdo que cada itinerário poderia contemplar. Acreditamos que é interessante a própria BNCC falar mais sobre isso, ou então, de forma complementar, construir referências para a elaboração dessa parte dos itinerários.
Vimos que muitos atores, entre eles MEC e Consed, bem como este Conselho, estão preocupados com essas questões e comprometidos em encontrar soluções, para criar um Ensino Médio genuinamente flexível para o estudante. E nós também.
Para concluir, acreditamos que quanto mais a sociedade, as escolas e os jovens estiverem envolvidos nessa busca por soluções, mais qualidade, viabilidade e legitimidade terá o resultado desse diálogo.
Obrigado.”
As próximas audiências que já estão agendada acontecem em Belém (PA) no dia 10 de agosto e em Brasília (DF) em 29 de agosto. Clique aqui para saber mais sobre as audiências.