Com a automação e a inteligência artificial redefinindo o mercado de trabalho, habilidades comportamentais e sociais — as chamadas soft skills — ganham cada vez mais protagonismo. Elas refletem como cada pessoa interage, colabora e lida com desafios, sendo essenciais para formar profissionais completos, resilientes e preparados para um mundo cada vez mais complexo, digital e interconectado.
Mais do que entregar resultados, as lideranças do presente e do futuro precisam promover ambientes colaborativos, inclusivos e saudáveis. Se as hard skills (habilidades técnicas) continuam sendo importantes, as soft skills (habilidades comportamentais) — como empatia, pensamento crítico, escuta ativa e adaptabilidade — tornaram-se indispensáveis para quem deseja liderar com propósito e gerar impacto social positivo.
Esse cenário exige que líderes atuem com desenvoltura, empatia e conexão genuína com suas equipes. Uma liderança engajada inspira e motiva, promove ambientes positivos e produtivos, e atua com compromisso consistente com o impacto social. Independentemente do contexto, essa atuação requer um conjunto de ações, competências e condições voltadas para transformar realidades.
Na Fundação Lemann, acreditamos que pessoas que desenvolvem seu pleno potencial não apenas transformam suas próprias vidas, como também contribuem para construir o Brasil que todos sonhamos: mais justo, inclusivo e desenvolvido. Por isso, investimos no desenvolvimento de lideranças diversas e comprometidas com o país. Por meio de iniciativas como a Rede de Líderes, que conecta talentos de diferentes regiões do país, e o Brasil on Campus, comunidade de estudantes brasileiros no exterior engajados com o impacto social, buscamos formar agentes de transformação preparados para atuar com responsabilidade social, compromisso com a equidade racial e espírito público.
Ao fortalecer essas competências, preparamos pessoas para enfrentar os desafios do presente com sensibilidade, ética e visão de futuro. A capacidade de se colocar no lugar do outro, colaborar, dialogar e liderar com propósito é o que distingue as lideranças transformadoras — e é também o que nenhuma tecnologia é capaz de substituir.
Fazemos o que as máquinas não são capazes de fazer
Em seu livro Future Skills: The 20 Skills and Competencies Everyone Needs to Succeed in a Digital World (Habilidades do Futuro: As 20 habilidades e competências que todos precisam para ter sucesso no mundo digital, em português), o escritor e futurista Bernard Marr aborda a necessidade de nos adaptarmos às transformações que a tecnologia trará ao mundo. Ele destaca, ainda, como as soft skills serão fundamentais para que possamos realizar aquilo que as máquinas não conseguem. Marr identifica um conjunto de habilidades essenciais para os próximos anos, indispensáveis para o sucesso profissional em um mundo cada vez mais digitalizado.
Saber reagir diante de uma emoção
A inteligência emocional é uma ferramenta fundamental para lideranças, pois contribui diretamente na gestão dos relacionamentos profissionais. Daniel Goleman, psicólogo e jornalista científico que popularizou o conceito no mundo, afirma que, quanto mais alto se chega em uma organização, menos relevantes são as competências técnicas para um desempenho excepcional — e mais importante se torna a inteligência emocional.
Lideranças emocionalmente inteligentes têm maior habilidade para inspirar, motivar e apoiar suas equipes. Eles compreendem as necessidades emocionais dos colaboradores, promovem confiança e criam um ambiente seguro para a troca de ideias e sugestões. Com maior controle emocional, o clima de trabalho torna-se mais saudável, favorecendo a colaboração, a inovação e o fortalecimento dos vínculos entre líder e equipe.
Goleman divide a inteligência emocional em cinco componentes principais:
- Autoconsciência
Habilidade de reconhecer e compreender as próprias emoções e como elas afetam pensamentos e comportamentos. - Autorregulação
Habilidade de controlar ou redirecionar emoções negativas e adaptar-se a mudanças, evitando reações impulsivas. - Motivação
Orientação para alcançar objetivos com energia e persistência, mesmo diante das adversidades, movidos por uma paixão interior e não apenas por recompensas externas. - Empatia
Habilidade de entender e sentir as emoções dos outros, respondendo de forma adequada. Envolve presença, escuta ativa e sensibilidade às necessidades alheias.
Desenvolver soft skills exige prática, autoconhecimento e abertura para o aprendizado contínuo — mas são vários benefícios: melhores resultados, relações mais saudáveis e crescimento sustentável no ambiente profissional.